É triste

Ontem, durante uma pausa do estudo na biblioteca do costume, enquanto comia o lanche, vi um grupo de miúdos a jogar futebol, numa espécie de largo, largo este que estava rodeado por carros. Inevitavelmente muitos carros foram atingidos pelos "tiros" dos miúdos e eu só estava à espera do momento em que aparecesse um dos donos dos carros a barafustar com a miudagem. Mas, sinceramente, a culpa não é deles. A culpa é de quem, ao longo dos anos, não tem pensado nos mais jovens (ou mesmo em todos nós) e nada tem feito para criar locais onde se possa jogar à vontade, sem medo de acertar com a bola num carro ou mesmo ser atropelado.

Recordo-me de, durante a minha adolescência, passar horas e horas, durante o fim-de-semana, a jogar com os meus amigos num ringue que existia ao pé da minha casa. Saia a correr de casa, pouco depois do almoço, ainda de barriga cheia, e voltava quase à hora de jantar quase sem forças para subir as escadas, mas muito satisfeito, pois jogar futebol foi sempre uma das minhas paixões. Há pouco usei a palavra "existia" quando me referia ao ringue porque os senhores que mandam, e aos quais me referi há pouco, decidiram mandar transformar o ringue num parque de estacionamento... É que os carros "dão" dinheiro e a diversão da malta não dá... Ou então dá, mas esses senhores estão errados!

É esta injustiça que me levou, de uma forma algo tímida, a sentir-me mais contente quando um miudo, na tarde de ontem, acertava num carro do que quando fazia golo...